Paulo fez sucesso e conquistou títulos nos times em que jogou.
Natural de Arroio dos Ratos, o então Gunga, apelido adquirido ainda quando criança, deu seus primeiros chutes como zagueiro no time da cidade onde nasceu, o Guarani. Também jogou no município de Butiá, onde trabalhava como bancário. Mas o futebol na vida de Gunga começou meio que por acidente, antes de virar de fato sua paixão.
– Não era chegado em futebol. Gostava mesmo de cavalos. Tinha sido até jóquei. Na verdade, eu era bancário. Fui muito longe na minha carreira. Comecei no futebol como que por acaso – recorda.
A profissionalização iniciou no time do Avenida, de Santa Cruz do Sul, onde jogou por dois anos.
– Depois fui para o time do Santa Cruz, que tinha subido para a categoria especial, em 1968- conta.
Vencendo o jogo inaugural do estádio Beira-Rio
Chamando a atenção nos times de Santa Cruz do Sul, não demorou muito para que olheiros de grandes times o percebessem. Em 1969, aos 22 anos, iniciou no Sport Club Internacional, de Porto Alegre. À época, o time era comandado por Dalton Menezes.
– O Grêmio também tinha se interessado em me contratar, mas o Internacional chegou na frente. 1969 foi o ano de ouro para o time com a inauguração do estádio Gigante da Beira-Rio. Comecei jogando no Eucaliptos e depois fui para o Gigante. Eu lembro que o Internacional não era campeão fazia uns sete anos. Naquele ano, fomos campeões em tudo. No jogo de estreia no Gigante, em 6 de abril de 1969, vencemos contra o Benfica por 2 a 1. Ganhamos na categoria infantil, juvenil e profissionais. Saí do time com duas faixas, uma de Campeão Gaúcho e outra de Bicampeão – afirma Gunga.
Em 1969, aos 22 anos, iniciou no Sport Club Internacional, de Porto Alegre. À época, o time era comandado por Dalton Menezes.
Times fora do Estado
Gunga foi se aventurar em clubes de outros estados. Passou pelo Ferroviário de Tubarão, de Santa Catarina. Jogou uma temporada na Bahia e retornou para o sul do país. No Paraná, deixou o apelido de lado e começou a ser chamado de Paulo Peralta.
– Joguei seis meses no Ponta Grossense e depois fui para o Coritiba, para disputar o campeonato Robertão. Fomos campeões paranaenses com o Coritiba. Também fomos campeões do Robertão, na década de 70. Ganhamos de um a zero do Fluminense. Éramos um dos melhores times do Brasil – afirma.
Paulo Peralta também jogou no Fluminense.
– Fiquei uns seis ou oito meses lá, na época que o Félix era goleiro da seleção Brasileira. Tempo também de Manfrini e Marco Antônio – lembra.
Carreira Internacional – México como primeira parada
Na garagem de sua casa, em São Jerônimo, o divertido Gunga ao mostrar faixas de campeão e fotografias de inúmeros locais onde competiu, deixa evidente que os tempos que jogou no México foram os mais marcantes como jogador.
– Fui para lá em 1974, fiquei uns sete ou oito anos. O México é lindo! É um povo igual ao nosso, amável. Adoram brasileiros. Havia muitos brasileiros jogando lá. Viajei até com passaporte falso para o México. Tinha 28 anos e já era considerado velho. Então, mudaram minha idade para 23 anos e me disseram: corta o cabelo bem curto que não vai aparentar a idade. No México joguei no El Laguna e no Cruz Azul e fomos vice-campeões pelos dois times. Fui também para os Estados Unidos, depois que o Pelé já tinha ido, eu jogava no Texas. No exterior fiquei quase 10 anos. Adquirimos muito conhecimento e fiz muitas amizades – destaca.
A partida marcante
Foi em terras mexicanas que o então Pablo jogou uma das partidas mais marcantes de sua carreira. O jogo era El Laguna e América e a pressão tinha motivo: se perdesse o El Laguna seria rebaixado.
– Tínhamos que vencer para continuar na primeira divisão. Faltando 10 minutos para terminar a partida, deu um escanteio a nosso favor. Cobrei e fiz um gol de cabeça e ganhamos de um a zero. No final do jogo só fiquei de sunga, de tanto que comemoramos – conta, aos risos.
Encerrando a carreira
Foi aos 38 anos que Gunga encerrou sua carreira de jogador. O zagueiro tranquilo dentro de campo, com cabelos comprimidos, acumulou alguns cartões amarelos no currículo, mas nunca foi expulso de nenhuma partida. Morador de São Jerônimo há cerca de 15 anos, a boa forma de Gunga, aos 70 anos, não deixa dúvida de que os cuidados com o corpo permanecem. Os 20 anos como jogador deixaram marcas na rotina do ex-jogador. Gunga faz caminhadas, corridas e nada no rio Jacuí.
– Sempre fiz física! Quando não faço exercícios sinto falta. Sempre me cuidei, tanto é que nunca tive lesões graves. Fiquei sem jogar apenas por duas semanas, devido a uma lesão no joelho – ressalta.
Aposentadoria
Dos tempos do futebol, ficaram as boas lembranças. Gunga, colorado assumido, confessa.
– Quando era criança, eu gostava do Grêmio – conta, aos risos.
Hoje, o ex-jogador aproveita seus dias da maneira que mais gosta.
– Adoro uma balada, bailes. Gosto de dançar também – admite.
Olhando as fotos do auge de sua carreira, no México, expõe:
– Que pinta! Foram tempos de glória. Sempre ganhei títulos importantes ao longo da minha carreira – exclama ao ver as imagens com os cabelos compridos e de bigode.
O amigo de Arroio dos Ratos
O vizinho ainda do tempo em que Gunga morou em Arroio dos Ratos, o músico Alberto André Pereira, 53 anos, lembra de quando o jogador iniciou a carreira no Internacional.
– Eu tinha uns nove anos quando ele foi para o Inter. Era um ídolo que conhecíamos. Assistia aos jogos e dizia: pô, o cara é meu amigo! Acompanhei um pouco da carreira dele aqui no Brasil, mas quando ele foi para o México ficou mais difícil, pois não havia internet naquele tempo – rememora Alberto André.
Oportunidades de trabalho
Gunga ainda recebe convites para trabalhar com o futebol.
– Quiseram me contratar com técnico do time do Santa Cruz. Mas eu não quero mais. Já estou fora do mercado há muito tempo. Na minha época, o futebol, não dava tanto dinheiro! Monetariamente hoje é muito vantajoso ser jogador – finaliza.